Você se sente sufocado(a)?
Por que precisamos respirar melhor? Você ja se sentiu sufocado e não teve nenhum diagnostico de doença respiratória? Então, leia o texto e entenda como nossas emoções interferem em nossa respiração.
Pare um pouco o que você está fazendo agora... e respire fundo, lenta e profundamente por três vezes!
Muito bem!
Como foi fazer essa respiração? Fácil? Difícil?
Você sentiu algum bloqueio? Onde? Como é esse bloqueio? Parece que o ar lhe falta?
Parece que o peito arde enquanto você inspira?
Parece que tem uma pedra sobe o seu peito que te impossibilita de expandir os pulmões?
Por que eu quero te falar sobre isso?
Sabe por que sei dessas sensações? Porque eu, por muito tempo, também me senti assim.
Cheguei a procurar ajuda médica, vários especialistas, pneumologistas, porque achava que eu tinha alguma patologia pulmonar, uma bronquite, uma asma, ou algo assim, e otorrinos para ver se não tinha nenhum bloqueio nas minhas vias respiratórias superiores, e sabe qual o diagnóstico?
Nenhum! Isso mesmo, eu não tinha nada físico.
E eu ficava intrigado com aquilo. Como eu não tinha nada físico, mas ao mesmo tempo não conseguia respirar direito?
Como eu reaprendi a respirar
Bom, o tempo passou e em 2012 eu estava com 49 anos e passando por uma crise existencial muito grande.
Então decidi procurar ajuda terapêutica para tratar o que eu entendia ser um início de depressão e foi nesse processo que descobri que meu problema respiratório era totalmente emocional.
Porque eu tinha a tal da respiração do ansioso. Isso mesmo, eu usava apenas uma pequena parte da minha capacidade respiratória.
No decorrer do tratamento eu fui re-ensinado a respirar e, uau!! Então eu redescobri que tinha mais uns 70% de espaço para encher de ar nos meus pulmões e aquilo foi libertador.
Depois desse processo, iniciei minha jornada de autoconhecimento e quando já estava trabalhando com terapias, fazendo estágios nas escolas em que estudei os vários métodos e técnicas, resolvi entrar num curso especializado para formação de instrutores de Yoga, o que me fez ficar ainda mais encantado com o processo respiratório.
E foi lá que melhorei muito mais a minha respiração com as técnicas de Pranayama, que na verdade é uma prática que inclui inspiração (Puraka), expiração (Recaka), de forma controlada, e pausa respiratória equilibrada (Kumbhaka), executada durante a prática do Yoga, que ajuda o praticante a acessar outros níveis de consciência.
Experiência clínica
E, assim como eu, e talvez você que esteja lendo este texto, muitas pessoas têm a mesma sensação.
Posso dizer, baseado na minha experiência clínica, que cerca de 80% dos meus clientes estavam nessa condição quando fizeram sua primeira consulta comigo.
Por isso, meu objetivo com este texto é te ajudar a voltar a respirar de forma consciente e entender como nosso corpo responde e como ele se movimenta nesse ciclo tão vital para nossa sobrevivência, trazendo para você um exercício simples e fácil para a retomada dessa consciência.
A preparação
E aqui vão os quatro passos simples para dar um “reset” no seu padrão respiratório.
Sugiro que você se deite confortavelmente em uma superfície plana, pode ser no tapete, na cama, no sofá, onde você achar melhor, mas que tenha um mínimo de conforto para que você possa aproveitar o relaxamento.
E se quiser ficar sentado(a) e for confortável, fique à vontade, porque depois que você aprender essa técnica, você poderá praticá-la em qualquer hora, em qualquer lugar e em qualquer posição.
Então, faça três respirações bem profundas, mas observando o caminho que o ar percorre dentro do seu corpo.
Na inspiração, qual a temperatura do ar que entra? É fácil inspirar? Você tem que fazer algum esforço? Onde o ar entra? Qual a área do seu peito que fica mais preenchida?
E na expiração, observe os aspectos de liberação do ar. Qual a temperatura do ar que sai? Tem algum esforço nessa expiração?
Após essas três primeiras respirações profundas, respire normalmente.
Os quatro passos
1º Passo Coloque uma ou as duas mãos sobre o seu umbigo, sem forçar, simplesmente repouse-as sobre o abdômen. Agora, inspirando, direcione o ar para a região do umbigo. Permita que o abdômen se expanda. Sinta o umbigo se projetar para cima, isso... e deixe o ar sair. O Abdômen agora se contrai e o umbigo desce, em direção à coluna, sem esforço. Faça cerca de cinco vezes esse movimento, lenta e suavemente e perceba a quantidade de ar que entra e sai. Como é respirar dessa forma? É leve ou pesada? É fácil ou difícil?
2º passo Agora, desloque suas mãos um pouco para cima e as apoie nas primeiras costelas, na altura da boca do estômago. Na inspiração, direcione o ar para essa região, tentando agora evitar que o ar seja direcionado para o abdômen. Imagine que suas costelas agora abrirão na inspiração, como se fossem as folhas de uma janela. Você inspira e as costelas se separam, expira e elas se aproximam. É muito sutil. Mas tente perceber esse movimento. Faça também por cinco ciclos respiratórios lentos e suaves, percebendo, da mesma forma do passo anterior, as características dessa respiração. Perfeito!
3º passo Agora desloque suas mãos para a região superior do pulmão, próximo aos ossos da clavícula. Talvez nessa hora seja mais fácil utilizar apenas uma das mãos, para ficar mais confortável. Inspire tentando evitar que o ar siga para as regiões mais inferiores dos pulmões, como se um peso estivesse sobre o seu tórax e seu abdômen. Inspire e expire somente nessa região, sentindo novamente as características do ar que entra e o ar que sai, a quantidade etc. Faça mais cinco ciclos respiratórios, suavemente, lentamente, sem esforço. Talvez nessa hora você até identifique uma certa familiaridade com a sua respiração inicial, aquela primeira que pedi para você fazer três vezes, lembra? A tal da respiração do ansioso que falei no início desse texto?
4º passo Agora você deixa suas mãos ao lado do corpo e experimente respirar usando todas as áreas trabalhadas. Imagine que seu pulmão é uma garrafa, inspirando vá enchendo de baixo para cima, do fundo para o gargalo. Respire lenta e suavemente, se certificando de direcionar o ar para cada região, gradativamente. Ao preencher o abdômen, siga para as costelas, ao preencher esse espaço, siga para a parte superior. Ao expirar, deixe o ar sair naturalmente, sem esforço. Experimente fazer essa respiração completa por alguns minutos, até que ela pareça natural.
Sobre nosso processo respiratório
Se você observar um bebê ou mesmo um animalzinho de estimação respirando enquanto dormem você poderá notar que eles fazem esse tipo de respiração naturalmente, porque esse é nosso padrão fisiológico “default” de fábrica. Ao retomar o controle sobre sua respiração, com certeza, você conseguirá ter uma melhor qualidade de vida, porque assim como a emoção interfere em nossa respiração, a recíproca é verdadeira. Quando estamos estressados, o cérebro entende que estamos em perigo e nossa respiração se torna curta, porque precisamos lutar ou fugir e nossos hormônios, como adrenalina e cortisol, estão voltados para essas tarefas e nessa hora o coração acelera, enviando mais sangue para os músculos poderem fazer seu papel. No entanto, quando assumimos uma respiração controlada, utilizando nossa maior capacidade respiratória, nosso cérebro entende que estamos bem, seguros e pode então mudar o padrão hormonal e fisiológico para propiciar o relaxamento. Então fica a dica, quando estiver estressado, pare uns instantes, faça essa respiração completa e retome o controle de suas emoções. Obrigado e parabéns por ter chegado até aqui. Caso queira, tenho um video explicando isso no Youtube. Aproveite para se inscrever e curtir o canal.
Rui J. Pêrêira
Bioterapeuta
CRTH-8738- ABRATH
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