A vida vai nos nutrindo daquilo que precisamos para crescer e desenvolver nossa capacidade de aprendizado e resiliência. As vezes precisamos nos ver como flores de Lótus, buscando nutrição nas profundas águas lamacentas, mas purificando nosso espírito para desabrochar com toda magnitude e beleza que é a nossa essência.
Para quem não conhece, a Lótus (Nelumbo nucifera) é uma planta aquática muito comum na Ásia, nativa das regiões sul e leste daquele continente, e também na Austrália, se adaptam a muitos tipos de ambientes aquáticos, desde pântanos lodosos até lagos límpidos.
Seu ciclo de crescimento e floração é perene, ou seja, contínuo, as raízes crescem no inverno, os brotos florescem durante a primavera, no verão, as belas flores desabrocham e no outono, as flores secam, porém não caem.
Essa planta, além de sua beleza singular, tem algumas características interessantes como a regulação e manutenção da própria temperatura interna, por volta de 35° (isso mesmo, próxima à temperatura corporal humana) e suas sementes podem ficar "adormecidas" por mais de cinco mil anos, esperando a condição de umidade ideal para germinar.
Essas sementes, na verdade, contém folhas perfeitamente formadas que se parecem com a miniatura da própria flor, representam a perfeição inerente e já perfeitamente formada dentro de cada ser vivo. As sementes de lótus também são comestíveis e conhecidas por suas propriedades medicinais. E é comum de consumi-las em forma de pipoca, chamada de "makhanas".
Na Ásia, suas pétalas e folhas novas também são consumidas ou utilizadas como enfeites ornamentais e suas largas folhas são usadas para embrulhar alimentos. A planta é consumida também como chá por possuir qualidades terapêuticas que vão desde a cura de doenças renais e pulmonares até o combate do estresse e insônia, segundo a medicina chinesa.
As raízes (rizomas), conhecidas como "renkon", que ficam sob o lodo dos lagos onde nascem, são robustas e comestíveis. São consumidos em alguns países da Ásia como China, Paquistão, Índia e Japão, geralmente colocados junto a outros vegetais em sopas, cozidos, ou até mesmo feito em frituras como tempurá.
Suas pétalas, para se manterem imaculadas e iluminadas tem uma capacidade de "autolimpeza", repelindo microrganismos e poeiras.
Agora sim, vem a parte mais interessante, no oriente, principalmente no Japão, Índia e até no Egito, ela é considerada sagrada e um dos símbolos mais antigos e mais profundos que se tem conhecimento. Nos ensinamentos do budismo e hinduísmo, a flor de lótus simboliza o nascimento divino, o crescimento espiritual e a pureza do coração e da mente, devido a suas características.
Suas raízes nascem no lodo e na lama profunda dos lagos e lagoas, podendo atingir até seis metros de comprimento, sobem através da água criando suas hastes longas até atingir a superfície, brotar e florescer à luz do sol. Parece até uma poesia da natureza!
O simbolismo está especialmente nesta capacidade de enfrentar a escuridão e florescer tão limpa, tão bonita e tão especial para tantas pessoas. Essa lama profunda e obscura onde ela se enraíza é nosso ego, nosso apego a esse mundo material e a água lodosa representa nossos conflitos, nossos obstáculos e nossos desejos carnais; e a flor imaculada que desabrocha sobre a água em busca de luz é a promessa de pureza e elevação espiritual.
Sua simbologia de superação e iluminação é tão representativa que está geralmente presente nas imagens de seres iluminados, como a do Buda sentado sobre ela, em estado meditativo. Tanto é que a postura mais tradicional de meditação é chamada Padmásana, ou seja, "Postura de Lótus", na qual a pessoa se senta com as pernas cruzadas, os pés apoiados sobre as coxas opostas e com as plantas voltadas para cima.
Reza a lenda que quando Buda reencarnou, onde deu seus primeiros passos brotaram flores de Lótus.
As cores das flores também tem seu significado:
Lotus Azul – Meditação
Lotus Vermelho - Ação
Lotus Branco – pureza
Lotus Amarelo - serenidade
Você deve estar se perguntando: E...??? Bom, o que quero dizer aqui é que todos nós temos nosso "botãozinho de Lótus" pronto para florescer, independente do ambiente em que nascemos ou crescemos. Que nossa essência é luminosa e resplandecente e que devemos confiar em nossas capacidades de superar as adversidades, nunca desistindo de nossos sonhos e constantemente revendo se o caminho que estamos trilhando nos levam aos nossos objetivos. Se estamos nos preparando e nos proporcionando fortalecimento intelectual, emocional e espiritual suficientes para nutrir nossos "caules" para atravessar as águas lodosas das adversidades e, por fim, atingir a superfície e nos iluminar com a luz do sol, refletindo toda essa beleza que existe em nossos corações, afinal, somos centelhas divinas e temos como missão voltar à fonte criadora com todo júbilo e beleza que nos é peculiar, já que somos uma partícula de Deus. Nesse contexto, eu, particularmente, gosto muito de um mantra tibetano que expressa essa jornada de iluminação que é o "OM MANI PADME HUM", que os tibetanos pronunciam "Om Mani Peme Hum". Conforme Helena P. Blavastky, fundadora da Teosofia: "Om representa a presença física de todos os buddhas; Mani (joia em sânscrito) significa a Joia da compaixão, capaz de realizar todos os desejos. A palavra Padme significa lótus, a bela flor que nasce do lodo, do mesmo modo, devemos superar o lodo das negatividades e desabrochar as qualidades positivas. A sílaba Hum, representa a mente iluminada, e encerra o mantra. Assim, a frase mística (Om Mani Padme Hum), quando corretamente compreendida, em vez de traduzida por palavras vazias de sentido como "Oh! A joia do Lótus", contém uma alusão a esta indissolúvel união entre o homem e o universo, interpretada de sete maneiras diferentes, com a possibilidade de sete distintas aplicações a outros tantos planos de pensamento e ações." Não podemos deixar de citar aqui que nossos centros de energia, conhecidos como Chakras, são representados por pétalas de Lótus e que o nosso chakra mais elevado, o Coronário (sahashara) tem o formato de uma Flor de Lótus de 972 pétalas. Então, fica aí a dica: meditar com esse mantra poderoso e suprir nossa consciência de amor, compreensão e sentimentos elevados e deixar nossas flores de Lótus desabrocharem para mostrar a beleza de nossa essência ao universo, e não precisa esperar cinco mil anos para germinar, viu?!? Agora é a hora de começar. Não esquecendo que não basta ficarmos esperando isso cair do céu, temos que manifestar e materializar esses sentimentos, nos transformando a cada dia em pessoas melhores e refletindo isso no ambiente que nos circunda. “Mente humana meditativa, serena, pura e que manifesta uma atividade pro ativa, consegue mudar não só a si mesmo, mas também seu ambiente.” (Antonio Nakamura –Vice Presidente da Associação Brasil Soka Gakkai Internacional) Namastê! A Flor de Lótus (o Divino) que habita em mim, saúda a Flor de Lótus que habita em você. E até a próxima.
Rui J. Pêrêira
Bioterapeuta
CRTH-8738-ABRATH
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